Liderança Comunicadora: o que é e como usar na comunicação interna para engajar equipes

Liderança comunicadora é um tema que volta e meia aparece nos corredores das empresas, nas salas de reunião e até nos grupos de WhatsApp corporativo. E não é para menos: quando falamos sobre comunicação interna, a presença (ou ausência) de uma liderança que realmente sabe se comunicar faz toda a diferença.
Esse é um desafio que atravessa gerações — e, ao mesmo tempo, uma das grandes tendências para o presente e o futuro da comunicação corporativa.
Mas, afinal, o que é ser uma liderança comunicadora? E por que isso é tão difícil de colocar em prática?
Neste artigo você vai descobrir:
- Como anda a comunicação interna e liderança comunicadora nas empresas;
- O que é uma liderança comunicadora;
- Por que liderança comunicadora é (ainda) um desafio;
- Por que liderança comunicadora é tão importante;
- Onde a comunicação da liderança costuma falhar;
- Como desenvolver uma estratégia de liderança comunicadora.
Antes de tudo: como anda a comunicação interna e liderança comunicadora nas empresas?
Nos últimos anos, a comunicação interna ganhou protagonismo. As empresas entenderam que não podemos falar de cultura, engajamento e produtividade sem falar de comunicação eficiente. E ainda assim, muitos times seguem se sentindo desconectados, mal-informados e distantes das decisões.
Vivemos um cenário de infoxicação, no qual o excesso de mensagens, canais e ruídos faz com que o que realmente importa se perca no meio do caminho.
Há iniciativas incríveis, campanhas criativas, plataformas robustas… mas, em muitos casos, falta o principal: a conexão humana. Falta alguém que faça o papel de elo — que traduza, contextualize, inspire e dê o tom.
É aí que entra uma figura essencial (e muitas vezes esquecida) nesse ecossistema: a liderança comunicadora.
No Brasil, um estudo revelou que mais de 70% das empresas encaram o engajamento da liderança como o maior desafio da comunicação interna.
E é nesse contexto que surge a urgência por uma liderança comunicadora
O que é uma liderança comunicadora?
Liderança comunicadora é aquela que fala com clareza, escuta com empatia, se faz presente com frequência e comunica com propósito. É o tipo de liderança que entende que comunicação não é uma gentileza, é uma responsabilidade estratégica — e que não cabe apenas ao RH, mas a todos que ocupam posições de influência.
Em vez de simplesmente repassar recados no piloto automático, essa liderança conversa de verdade, abre espaço para o diálogo, inspira pelo exemplo.
Sendo assim, a liderança comunicadora entende que informar não é o mesmo que engajar, que silêncios falam — e, muitas vezes, gritam — e que cada gesto comunica algo, até mesmo a ausência.
A liderança comunicadora cria conexões humanas, traduz a estratégia da empresa para o dia a dia do time e ajuda a construir uma cultura organizacional viva, transparente e com senso de pertencimento.
Por que liderança comunicadora é (ainda) um desafio?
De acordo com o relatório da Aberje, a liderança comunicadora é um desafio que vem se intensificando há mais de 8 anos.
Gerenciar uma equipe de pessoas pode ser mais complexo do que simplesmente controlar um canal de comunicação. Para lidar com isso de forma eficaz, é necessário um foco mais profundo na gestão de pessoas, que envolve uma comunicação clara e constante.
Mesmo com todos os avanços em tecnologia, canais e estratégias de comunicação interna, tornar a liderança verdadeiramente comunicadora segue sendo uma das tarefas mais desafiadoras dentro das empresas.
E isso acontece por uma série de motivos que se repetem em diferentes culturas e setores, como:
Falta de preparo
A maioria dos líderes é formada para entregar resultados, gerenciar processos, atingir metas. Mas poucos são preparados para liderar com base na escuta, no diálogo e na empatia.
Comunicar-se com o time ainda é visto como uma habilidade “complementar”, e não como uma competência essencial da liderança. Resultado? Líderes inseguros, mensagens mal passadas e times mal-informados.
Falta de tempo (ou de prioridade)
Entre reuniões, entregas e decisões estratégicas, comunicar-se com clareza e presença acaba sendo empurrado para o fim da lista.
Para muitos líderes, parar para conversar com a equipe, gravar um vídeo, responder dúvidas ou preparar uma comunicação é visto como um “extra”, e não como parte central do papel de liderar.
Um relatório da Unmind/CMI com 3.000 gestores e colaboradores revelou que 84% dos líderes não receberam treinamento formal em liderança.
O problema é que quando a comunicação não é prioridade, o ruído ocupa o espaço.
Medo de errar ou parecer vulnerável
Há um estigma forte, principalmente em cargos de liderança, de que é preciso ter todas as respostas. Mas liderar também é saber dizer “não sei”, “vamos juntos” ou “estamos enfrentando desafios”.
Muitos líderes têm medo de se mostrar humanos, e por isso optam pelo silêncio ou por discursos prontos — o que mina a confiança do time.
Ausência de estratégia e apoio da comunicação interna
Esperar que o líder comunique bem por conta própria, sem orientação, sem conteúdo, sem ferramentas e sem treinamento, é dar um passo em falso.
Sem o suporte da área de Comunicação Interna, a liderança atua no improviso — e quando a comunicação vira algo intuitivo e isolado, ela se perde no caminho.
Segundo os profissionais de comunicação respondentes da pesquisa da Aberje, em apenas 23% das empresas, os gestores se consideram o principal canal de comunicação da organização com seus times.
O resultado de tudo isso? Colaboradores que se sentem desinformados, desconectados e, muitas vezes, desmotivados. Mesmo os líderes mais bem-intencionados podem acabar reforçando distâncias, em vez de criar proximidade.
E o mais importante: uma liderança que não se comunica pode até entregar resultados — mas dificilmente constrói cultura, pertencimento e confiança.
Por que liderança comunicadora é tão importante?

Ninguém inspira uma equipe com um e-mail automático e genérico. Ninguém engaja pessoas com discursos frios ou com silêncios que deixam espaço para a dúvida e a insegurança.
Lideranças comunicadoras são o elo vivo entre a estratégia da empresa e o coração das equipes. São elas que traduzem metas em significado, decisões em direção e valores em atitudes. Quando uma liderança se comunica bem, ela não só informa — ela conecta, motiva e transforma.
São essas lideranças que moldam o clima organizacional no dia a dia, que criam laços reais com seus times e que têm o poder de influenciar diretamente a forma como as pessoas se sentem dentro da organização.
Uma pesquisa da “Engage for Success” mostra que o engajamento dos funcionários sobe 45% com uma comunicação de liderança eficaz, e ainda, a confiança na liderança é 52% maior por meio da comunicação transparente.
A liderança comunicadora não apenas passa a mensagem da cultura — ela vive e reforça essa cultura com cada palavra, atitude e escuta genuína.
- Quando o líder se comunica com clareza e propósito, o time entende o porquê das decisões e se sente parte delas.
- Quando o líder escuta de verdade, abre espaço para trocas honestas, inovação e cria senso de pertencimento.
- Quando o líder compartilha a visão de futuro, o time não apenas executa — ele acredita e corre junto.
E isso não é só percepção. Segundo a Gallup, 70% do engajamento de um time depende diretamente da qualidade da liderança.
Em outras palavras: líderes que se comunicam mal não só geram ruído — eles geram desconexão, perda de confiança e baixa motivação.
Onde a comunicação da liderança costuma falhar?
Mesmo com as melhores intenções, muitos líderes ainda escorregam em erros comuns de comunicação que, com o tempo, afetam diretamente a confiança e o engajamento das equipes.
São falhas que podem parecer pequenas no dia a dia, mas que criam fissuras profundas na relação com o time. Vamos a elas:
Só aparece para cobrar
Quando a liderança se comunica apenas em momentos de pressão ou cobrança, a mensagem que fica é clara (e negativa): “só falam comigo quando algo está errado.” Esse padrão mina a confiança e gera um ambiente de distanciamento.
Compartilha metas sem contexto
Falar de números, resultados e entregas é importante — mas sem explicar o porquê, para quem ou com qual impacto, tudo vira um monte de dados soltos. Sem contexto, não há conexão. As pessoas precisam entender o propósito por trás da meta para se sentirem parte dela.
Ignora os canais da empresa
A comunicação moderna exige presença ativa nos canais institucionais. Quando o líder ignora essas ferramentas — que foram pensadas justamente para facilitar o diálogo — ele perde a chance de se fazer presente de forma estratégica, leve e próxima.
Não abre espaço para diálogo e feedbacks
Falar é só metade da comunicação. Quando não há escuta, troca ou acolhimento de ideias, o time se sente invisível. Pior: pode parar de tentar contribuir. Um líder que não escuta fecha portas para a inovação e para o senso de pertencimento.
Não adapta a linguagem ao time ou ao canal
Cada público tem seu jeito de receber e processar informações. Usar uma linguagem rebuscada, corporativa demais ou simplesmente distante da realidade da equipe é desperdiçar a mensagem. Um bom líder sabe traduzir a estratégia para o dia a dia de quem está na ponta.
E aqui vale um alerta poderoso: comunicar mal também é comunicar. O silêncio, a frieza, a distância, a falta de clareza — tudo isso também passa uma mensagem. E, nesse vácuo, nascem os ruídos, os boatos, a insegurança e a desconfiança.
Se a liderança não se posiciona com presença, empatia e constância, alguém ou algo vai ocupar esse espaço. E, muitas vezes, não será da melhor forma.
Como desenvolver uma estratégia de liderança comunicadora?
Agora que entendemos o papel essencial da liderança comunicadora, é hora de colocar a teoria em ação. Porque, se a sua empresa quer líderes que realmente engajem, inspirem e fortaleçam a cultura organizacional, não basta esperar que isso aconteça naturalmente. É preciso estruturar, apoiar e incentivar esse comportamento de forma intencional.
A seguir, reunimos passos práticos para transformar a liderança em uma parceira estratégica da comunicação interna — presente, acessível e alinhada com o que a sua empresa acredita.
1. Envolva o RH e a Comunicação Interna desde o início
O desenvolvimento da liderança comunicadora não pode ser uma iniciativa isolada, muito menos uma cobrança solta sobre os líderes.
É preciso criar uma base sólida, com suporte estratégico das áreas de RH e Comunicação Interna, alinhando mensagens, valores, objetivos e responsabilidades.
Essas áreas devem atuar como parceiras da liderança, fornecendo conteúdo, ferramentas, acompanhamento e feedback. O líder não precisa — e não deve — caminhar sozinho.
2. Ofereça treinamentos e mentorias contínuas
Comunicar com empatia, clareza e influência não é um talento inato — é uma competência que pode (e deve) ser desenvolvida.
Crie trilhas de aprendizagem sobre comunicação assertiva e empática, comunicação para diferentes perfis e gerações, gestão de crises, comunicação em tempos difíceis, escuta ativa e feedback
Além de treinamentos em grupo, programas de mentoria e coaching de liderança também são ótimos caminhos para desenvolver habilidades mais profundas, adaptadas ao perfil de cada gestor.
Segundo o relatório da Aberje, a competência de comunicação pelas lideranças é incluída na avaliação de desempenho de apenas 36% das organizações.
3. Crie rituais de comunicação
A comunicação da liderança precisa ser frequente, previsível e consistente. Criar rituais ajuda a estabelecer um ritmo e uma cultura de diálogo, transparência e presença.
Alguns exemplos:
- Encontros semanais de equipe com espaço para escuta ativa;
- Lives mensais com a liderança para falar de metas, reconhecer conquistas e ouvir o time;
- Vídeos na TV Corporativa com mensagens rápidas e humanas;
- Boletins internos personalizados com o tom de voz da liderança;
- Programa de diálogo entre gestão e equipes
Segundo estudo da PwC e Brixon, programas de diálogo entre gestão e equipes reduzem turnover em 26% e aumentam produtividade em 11–17%.
Ainda, conforme a pesquisa da Aberje, 31% e 24% das companhias participantes orçaram implantar os programas de Influenciadores Internos e Agentes de Comunicação Interna, respectivamente.
Quando a liderança está presente de forma recorrente, o time sente que há acolhimento e clareza — mesmo em momentos de incerteza.
4. Utilize ferramentas acessíveis e eficazes
De nada adianta uma liderança disposta se ela não tiver canais ágeis e adequados para se comunicar com o time.
A TV Corporativa é um exemplo poderoso: um canal visual, dinâmico e de fácil acesso, que permite que a liderança esteja presente mesmo à distância, por meio de vídeos, mensagens, reconhecimentos, comunicados e convites.
É uma forma de tornar a presença do líder mais constante, informal e próxima — saindo do e-mail frio e ganhando vida nas telas do dia a dia.
Integre também a liderança aos grupos, newsletters, eventos e campanhas — e adapte cada canal à linguagem certa para o público certo.
5. Monitore, escute e evolua
Liderança comunicadora é um processo vivo, que se constrói e ajusta ao longo do tempo.
Por isso, mensure a efetividade da comunicação dos líderes:
- Faça pesquisas de clima e de percepção;
- Colete feedbacks sobre os canais e abordagens utilizadas;
- Acompanhe os níveis de engajamento e participação do time.
Mostre aos líderes os resultados da sua atuação comunicacional e crie uma cultura de melhoria contínua, onde comunicar melhor é um objetivo compartilhado por todos.
Formar uma liderança comunicadora não é uma tarefa simples — mas é uma das mais transformadoras para qualquer empresa. Porque, no fim do dia, são as pessoas que movem os negócios.
E são os líderes que têm o poder de aproximar (ou afastar) essas pessoas da cultura e dos objetivos da organização.
Concluindo…
A liderança comunicadora não é um título, é uma prática diária. É a soma de atitudes que aproximam, inspiram e fortalecem a confiança dentro das organizações.
E, em um mundo onde a comunicação nunca foi tão necessária — e tão desafiadora —, líderes que sabem escutar, dialogar e se posicionar com clareza são mais do que diferenciais: são essenciais.
Desenvolver essa liderança não é uma tarefa isolada nem imediata. Exige intenção, apoio, preparo e, acima de tudo, a consciência de que comunicação é responsabilidade de todos — especialmente de quem lidera.Porque no fim das contas, ninguém engaja sozinho. E nenhum plano estratégico sobrevive à ausência de conexão humana.